Minha infância não passa de um grande borrão, uma mistura de vagas lembranças reais com imagens que foram surgindo depois de ouvir incontáveis vezes a mesma história, mais algumas músicas e muitos desenhos repetidos até a exaustão. E também os cheiros de Curitiba - a madeira do chão da nossa sala, o perfume da minha avó, sempre misturado ao de tinta a óleo e terebitina, o cheiro do porão da casa da outra vó, onde a gente brincava e se escondia. Depois vieram os sons de Palmas - o barulho da água escorrendo dos caminhões-pipas, da corda batendo no chão do pátio da escola, da bicicleta que rangia quando a gente pedalava, dos gritos das crianças que jogavam bets lá na rua enquanto eu brincava sozinha nos fundos da casa.
Só um borrão de cheiros, imagens e sons.
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